segunda-feira, 31 de agosto de 2009

De um banco de trem


Automamente você acorda
Somente porque tem que trabalhar
Higieniza-se, alimenta-se
Quando percebe, está já a caminhar

É este o tempo que possui
Para sobre seus problemas pensar
Nem recorda por onde passa
Como se nada mais valesse a pena notar

A condução te espera em algum lugar
Ou melhor, na maioria das vezes, és tu
Um ônibus ou trem lotado
Logo cedo já sentes foderem teu cú!

Quantos rostos desconhecidos
Milhares de corpos oprimidos
Acordam, alimentam-se (?) e caminham
E estão também sendo dirigidos

Todos acreditam na utopia Felicidade
Todavia ninguém ainda a viveu
Corpos que se movem pela cidade
Milhões como você e como eu

Não, não temos valor algum.
Somos inteiramente descartáveis
Caso não aceitamos o jogo,
Não abrindo mão da nossa dignidade

A maior parte do tempo, ao trabalho
Tu vives, nós vivemos assim.
Condenados, em campos de concentração
Que não enxergamos
Esperando, apenas, o advento do fim.








Um comentário:

Julika disse...

Entendo seu pessimismo. As pessoas lerão isso, pensarão na merda que fazem com as próprias vidas, mas soltarão aquele suspiro seguido de um "ah, mas é assim mesmo e eu não posso fazer a diferença..."
O resto, vc já sabe.