terça-feira, 9 de outubro de 2007

Tropa de Elite


Que filme é esse? Uma história de um herói, de um anti-herói; de nenhum dos dois; de bandidos que são mocinhos, de mocinhos que são bandidos. É uma história amoral, não há um sentido, não há um ethos no mundo em que vivemos.
Tropa da Elite, tropa de elite... Uma instituição, toda instituição nasce decorrente de uma necessidade, dita "social", todavia quando é atrelada ou submetida ao Estado aquela é parida para assegurar certas vantagens, para remediar certos sintomas que escapam da saúde, do controle da sociedade forjada e medida por aqueles que a pensam, por aqueles que a concebem, a forjam, a configuram...
A película revela preconceitos, abusa deles, utiliza-o como ferramenta para atingir a catarse no público. Todavia o filme ainda consegue não ser preconceituoso, diria que é dialético em sua linguagem, arrisco aqui pois não possuo, creio eu, um hábil manejamento desse conceito. Além de tudo mostra aquilo que não queremos ver, que maqueamos no cotidiano para não sofrermos ainda mais das torturas psicológicas que agulham a vida daqueles que batalham nas grandes cidades, como os personagens do filme. A grande cidade é um espaço de guerra, é um espaço de luta onde o narcotráfico é um dos setores.
Uma sociedade autoritária onde a tortura reside e resiste, não ficara para trás nos tempos de chumbo e nem é visualizada apenas nos filmes que se passam nos períodos de ditaduras latino-americanas ou ainda nos livros sobre o Brasil colônia-império e escravocrata, está ainda em diversos lugares e espaços escondidos dos olhos da opinião... É um filme peculiar, atrela-se a essa idéia de nação que fora forjada e ainda é reproduzida, é extraído de uma realidade que se renova há séculos no cruzamento da violência com a conquista, no casamento desgastado da esperança em uma solução idealista com a fragilidade do real abstraído.
Não há uma conclusão. O conteúdo é gelatinoso, não se dá para saber onde se pisa, cada um tem o poder de criar a leitura desejada. Todos pensam em equacionar o problema (os problemas), outrossim cada um de nós potencialimos, a partir da nossa existência, os mesmos que condenamos. Percebemos à marteladas Nietzscheanas que somos demasiados humanos e que não há uma veste grande ou bonita o suficente para cobrir e esconder aquilo que existe conosco. Apenas conosco.